Falar da Trindade sem falar de Santo Agostinho não dá. Não poderia deixar passar a Solenidade da Santíssima Trindade sem postar uma homilia de Santo Agostinho.
Jo 3, 16-18: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 71, 12, 18)
«Sabeis, irmãos, que naquela invisível e incorruptível Trindade, que nossa fé retém e que a Igreja Católica prega, Deus Pai não é «Pai» do Espírito Santo, mas do Filho; e Deus Filho não é «Filho» do Espírito Santo, mas do Pai; enfim, Deus Espírito Santo não é «Espírito» apenas do Pai nem apenas do Filho, mas do Pai e do Filho. E que essa Trindade, embora mantida a propriedade e a subsistência de cada uma das pessoas, não congrega três deuses, mas, em razão de sua única e inseparável essência ou natureza de eternidade, verdade e bondade, é o único Deus.
Por isso, de acordo com a nossa capacidade e na medida em que se concede ver essas realidades como num espelho, confusamente (1Cor 13,12), a pessoas tais quais ainda somos nós, o Pai é-nos insinuado na autoridade, o Filho no nascimento, enquanto, no Espírito Santo do Pai e do Filho, mostra-se-nos a comunidade: nos três, a igualdade. Destarte, quiseram que o que é comum ao Pai e ao Filho, estabelecesse a comunhão também entre nós e eles, e, por esse «dom», fôssemos congregados na unidade que ambos possuem, isto é, no Espírito Santo, Deus e dom de Deus. Mediante ele, somos reconciliados com a divindade e nela nos deleitamos. Pois, de que nos serviria tudo o que pudéssemos conhecer de bom se não o amássemos?
Assim como aprendemos pela verdade, amamos pela caridade, para chegarmos a conhecer mais plenamente e a gozar felizes do conhecido. Ora, o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5, 5). E já que, pelos pecados, estávamos afastados da posse das autênticos bens, o amor cobre uma multidão de pecados (1Pd 4, 8). O Pai é, portanto, origem veraz para o Filho verdade; o Filho é a verdade nascida do Pai veraz; e o Espírito Santo é a bondade derramada pelo Pai bom e pelo Filho bom; comum aos três é a igual divindade e a inseparável unidade».
(Trad. de Luciano Rouanet, OAR)
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