Domingo de Páscoa

Jo 20, 1-9:. Homilia de Santo Agostinho (Sermão 244, 1)

«Começou-se a recitar, hoje, o relato da ressurreição do Senhor, tomado do evangelho segundo João. Nós o ouvimos e vimos, com os olhos da fé, o afeto daquela mulher piedosa para com o Senhor Jesus. Ela procurava Jesus, mas tal como se poderia procurar o corpo de um homem morto, ainda que o amasse como um mestre bondoso. Não entendia que ele tivesse ressuscitado dos mortos, não cria. Como visse removida a pedra do sepulcro, pensando que dali tivessem tirado o corpo que procurava, anunciou aos discípulos o doloroso fato. Dois discípulos correram, um dos quais era Pedro e o outro, João.

Este último é, com efeito, o discípulo a quem Jesus amava, certamente, mais que aos outros, dado que, como Senhor, ele amava a todos. Eles correram, para ver se a mulher dizia a verdade, ou seja, se o corpo fora retirado do sepulcro. Chegaram, observaram, não encontraram o corpo, e creram. Mas, creram em quê? No que não deviam crer. Pois quando ouvistes que creram, pensastes talvez que eles tinham crido no que deviam crer, ou seja, que o Senhor ressuscitara dentre os mortos. Contudo, não creram nisso, e sim no anúncio que a mulher lhes fizera. Em uma palavra, para que saibais que era nisso que eles acreditavam, o evangelista acrescentou logo a seguir: De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (Jo 20, 9)».

Tradução de Luciano Rouanet, OAR