Mt 26, 14-27, 66: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 111, 2)
«Mas eis que na turba dos que gritavam contra Ele, dos furiosos que faziam calar o rebanho de Cristo e que esperavam o que sucederia, eis que alguém pende com Cristo e crê em Cristo. Refiro-me àquele ladrão, irmãos, que conheceu o doador da graça e não desprezou o participante da pena. Renega-O, porém, quem O seguiu, reconhece-O quem foi crucificado com Ele. Calam os demais, todos desesperam, enquanto aquele exclama: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado (Lc 23, 42).
Ele vê que havia de reinar O que então contempla crucificado. Vede: houve pelo menos um que dissesse: Eu bem sei que o Senhor é tão grande (Sl 134, 5). Grande graça! Sabe-O então grande quando os judeus consideraram-n’O vencido. Que grandeza, meus irmãos, que grandeza havia no que pendia, no crucificado! Dependurado, em companhia de outro dependurado, cravado em quem é imutável, reconheceu-O porque era grão de mostarda (cf. Lc 13, 19). Ainda não via a árvore, mas já conhecia a semente.
Cumpra-se, portanto, o que se segue daí. Ofereça Ele sua vida, pois tem o poder de recuperá-la (cf. Jo 10, 18). Seja deposto da cruz e colocado no sepulcro. Tome seu assento no céu e envie o Espírito Santo. Fiquem dele cheios uns poucos reunidos juntos, falem todas as línguas, representem as nações que haveriam de crer em toda parte. Que isso se cumpra! Cumpra-se também isto: Pregue-se em Jerusalém, inflame-se Estêvão com o fogo da caridade… Percam o juízo as turbas dos judeus e deem morte, enfurecidos, ao médico, já que também mataram seu mestre».
(Tradução: Fr. Luciano Rouanet, OAR)
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