(O post abaixo é uma transcrição na integra do "salvem a liturgia" em postagem de Rafael Vitola que apreciei muito o conteúdo).
Entre os ritos litúrgicos da Igreja Ocidental, figura o cisterciense, particular da Ordem de mesmo nome e também da Ordem Trapista (ou dos Cistercienses da Estrita Observância).
Trata-se não de um conjunto de particularidades litúrgicas anexas ao rito romano, como vemos, por exemplo, entre os franciscanos e os servitas. Tampouco, é um uso distinto, mas ainda no mesmo rito romano, como se nota entre os anglicanos convertidos à Igreja Católica, ou na Liturgia das Horas dos beneditinos. O rito cisterciense é um rito mesmo, específico, com um conjunto de regras todo próprio, à semelhança do ambrosiano, do mozárabe, do bracarense, do antigo rito celta, do cartusiano (cartuxo) e do dominicano, no Ocidente, ou do bizantino, do maronita, do siríaco etc, no Oriente.
Na verdade, esse rito hoje está extinto, ao menos para a Missa. Após o Vaticano II, os cistercienses e os trapistas, que o praticavam, aderiram oficialmente ao rito romano, adotando os livros litúrgicos romanos, à exceção do Ofício Divino. De fato, os membros das duas ordens continuam recitando a Liturgia das Horas conforme o antigo breviário cisterciense, fidelíssimo à Regra de São Bento.
Faremos, entretanto, um pequeno esboço histórico do rito cisterciense, que, até o século XVII, era bastante distinto do romano.
Entre suas características estava a ausência do salmo Judica me nas Orações ao Pé do Altar, na Missa. Em seu lugar, cantava-se ou rezava-se o Veni Creator, invocando o Espírito Santo para o sacrifício que se iria celebrar.
O rito cisterciense não previa genuflexões, mas, em seu lugar, as inclinações profundas.
Após o Ato Penitencial e a oração Indulgentiam, presentes no rito romano, estavam previstos o Pater Noster e a Ave Maria. Essa devoção mariana presente no Ordinário da Missa é bem característica dos cistercienses que lhe foi legada de São Bernardo, um dos seus patriarcas, e autor das três últimas invocações da Salve Regina.
Ao beijar o altar, fazia-o em silêncio. Não estava prevista a oração Oramus te Domine.
Na Proclamação do Evangelho, não se fazia a mera persignação, mas um grande sinal-da-cruz.
Preparava-se o vinho e a água no cálice, sobre a credência, antes de levá-lo ao altar.
Não haviam as orações Corpus Tuum e Quod ore sumpsimus, após o Agnus Dei.
A Missa terminava com o beijo no altar e um sinal-da-cruz feito pelo celebrante.
É de se notar que, em alguns dias do ano, não só o Próprio variava, como no rito romano, como também o Ordinário. Assim, por exemplo, no Domingo de Ramos, o Evangelho da Paixão era cantado apenas na Missa Solene Conventual, enquanto nas demais Missas do mosteiro era lido um Evangelho distinto. No mesmo Domingo de Ramos, enquanto o rito romano tradicional previa sete bênçãos sobre os ramos, o rito cisterciense estipulava apenas uma bênção, mais longa. Essa bênção continua como alternativa para os cistercienses e trapistas ainda que hoje tenham adotado o rito romano moderno.
Entre suas características estava a ausência do salmo Judica me nas Orações ao Pé do Altar, na Missa. Em seu lugar, cantava-se ou rezava-se o Veni Creator, invocando o Espírito Santo para o sacrifício que se iria celebrar.
O rito cisterciense não previa genuflexões, mas, em seu lugar, as inclinações profundas.
Após o Ato Penitencial e a oração Indulgentiam, presentes no rito romano, estavam previstos o Pater Noster e a Ave Maria. Essa devoção mariana presente no Ordinário da Missa é bem característica dos cistercienses que lhe foi legada de São Bernardo, um dos seus patriarcas, e autor das três últimas invocações da Salve Regina.
Ao beijar o altar, fazia-o em silêncio. Não estava prevista a oração Oramus te Domine.
Na Proclamação do Evangelho, não se fazia a mera persignação, mas um grande sinal-da-cruz.
Preparava-se o vinho e a água no cálice, sobre a credência, antes de levá-lo ao altar.
Não haviam as orações Corpus Tuum e Quod ore sumpsimus, após o Agnus Dei.
A Missa terminava com o beijo no altar e um sinal-da-cruz feito pelo celebrante.
É de se notar que, em alguns dias do ano, não só o Próprio variava, como no rito romano, como também o Ordinário. Assim, por exemplo, no Domingo de Ramos, o Evangelho da Paixão era cantado apenas na Missa Solene Conventual, enquanto nas demais Missas do mosteiro era lido um Evangelho distinto. No mesmo Domingo de Ramos, enquanto o rito romano tradicional previa sete bênçãos sobre os ramos, o rito cisterciense estipulava apenas uma bênção, mais longa. Essa bênção continua como alternativa para os cistercienses e trapistas ainda que hoje tenham adotado o rito romano moderno.
No breviário, seguiram estritamente a Regra de São Bento, com poucas modificações feitas no espírito da Ordem. Uma das distinções em relação ao rito romano é a ausência do Nunc Dimittis nas Completas e a previsão, para as Vésperas, de apenas quatro salmos (e não cinco como no rito romano tradicional, ou três como no rito romano moderno).
Para os sacramentos, a Extrema-Unção era dada antes do Viático, e, na Penitência, a fórmula de absolvição era mais curta do que a romana.
No século XVIII, entretanto, o Abade Geral da Ordem Cisterciense (na época, não havia uma Ordem Trapista distinta), Dom Claude Vaussim, OCist, modificou o Missal específico do rito de modo a aproximá-lo do Missal Romano de São Pio V. Esse Missal Cisterciense reformado vigorou até o início dos anos 1970, quando, então, o rito cisterciense foi completamente abandonado na Missa, tendo as duas Ordens cistercienses adotado o Missal Romano de Paulo VI.
A realidade litúrgica hodierna da Ordem Cisterciense e da Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância (trapistas) é a seguinte:
1) A Liturgia das Horas segue o antigo rito cisterciense, consubstanciado nos seus breviários particulares.
2) Os ritos dos sacramentos e sacramentais são tomados dos livros do rito romano, com aquelas derrogações próprias de algumas Ordens religiosas (por exemplo, ritual específico para tomada de hábito, profissão religiosa, bênção de abade e abadessa). Além disso, a Santa Sé lhes concedeu uma Variação no Rito da Unção dos Enfermos e um Ritual de Exéquias específico (que contém, entre outras coisas, os Sufrágios pelos Defuntos). Pode-se dizer que, nesse particular, adotam as Ordens cistercienses o rito romano, mas preservando algo de sua antiga tradição.
3) Enfim, na Missa, seguem o rito romano reformado por Paulo VI e João Paulo II. Sem embargo, o Protocolo 525/70, de 8 de junho de 1971, conjunto da OCist e OCSO, concedeu que, ao utilizar o novo Missal Romano pós-conciliar, os cistercienses levassem em conta certos elementos tradicionais de seu antigo rito particular: textos tomadas do Missal Cisterciense e que não se encontram no Missal Romano (como, alternativamente, a grande bênção cisterciense sobre os ramos no Domingo de Ramos, ao invés da bênção romana); a inclinação profunda no lugar da genuflexão; o sinal-da-cruz amplo no lugar da persignação antes do Evangelho; a preparação do vinho e da água no cálice antes de levá-lo ao altar.
As igrejas cistercienses sempre foram marcadas pela sobriedade, que herdaram do estilo arquitetônico românico, não tendo aderido ao barroco nem ao gótico.
Para baixar o Rituale Cisterciense em português, contendo as rubricas para a Missa em rito romano complementadas pelo Próprio da OCist e da OCSO, bem como as regras da Liturgia das Horas em rito cisterciense, e os rituais com o rito romano derrogado pelos costumes da Ordem, clique aqui.
Abaixo, algumas fotos da liturgia celebrada por monges cistercienses. Trata-se não do rito cisterciense que, como vimos, foi abolido na Missa. São fotos que retratam a Missa na forma ordinária do rito romano, com os livros de Paulo VI, adotados pela Ordem nos anos 70.
Abaixo, algumas fotos da liturgia celebrada por monges cistercienses. Trata-se não do rito cisterciense que, como vimos, foi abolido na Missa. São fotos que retratam a Missa na forma ordinária do rito romano, com os livros de Paulo VI, adotados pela Ordem nos anos 70.
Monumento, ou altar da reposição, na Sexta-feira Santa, custodiado por um monge.
Ação Litúrgica de Sexta-feira Santa. Notem que o sacerdote não veste casula, mas pluvial. É uma particularidade do rito romano celebrada pelos cistercienses, que lhes veio do antigo rito cisterciense.
Idem.
Idem.
Conforme antiga tradição cisterciense, a Adoração da Cruz pelos monges se faz em prostração, não de joelhos.
Vejam a menina de véu. Como se pode perceber, não se trata de um costume apenas dos frequentadores da Missa tridentina...
O padre coloca a casula para o rito da Comunhão.
Santa Missa, no rito romano moderno, de Paulo VI, ou forma ordinária, mas versus Deum e em latim.
Idem.
Idem.
Idem.
Idem.
Idem.
Idem.
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